Uma mesa-redonda realizada na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) nesta terça-feira (17) celebrou os 15 anos da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006. O evento, promovido pela Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Legislação, aconteceu no Plenarinho Valério Caldas Magalhães e contou com a participação de parlamentares, autoridades do Judiciário, da advogada Fayda Belo e da atriz Luiza Brunet, ambas ativistas de proteção e do combate à violência de gênero.
Em debate, os avanços e desafios da luta em defesa da mulher no Estado. O vice-presidente da ALE-RR, Marcelo Cabral (sem partido), destacou a importância da Casa promover esse tipo de discussão. “Este trabalho é fundamental na nossa sociedade. Temos que debater e apoiar as mulheres de Roraima”, afirmou.
O evento foi mediado pela deputada Yonny Pedroso (SD), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Mulher. A parlamentar destacou que Roraima lidera o ranking de violência doméstica no Brasil e, muitas vezes, esse ciclo é contínuo e duradouro. “Nós não podemos nos calar, temos que nos envolver e buscar transformar essa realidade. Muitas vezes, quando as mulheres vão denunciar este tipo de crime, elas não são acolhidas de maneira correta”, disse.
A procuradora especial da Mulher, deputada Betânia Almeida (PV), citou o trabalho desenvolvido pelo Centro Humanitário de Apoio à Mulher (CHAME), órgão ligado à Procuradoria Legislativa. “O CHAME desempenha um trabalho belíssimo de acolhimento com apoio jurídico e psicológico às vítimas de violência doméstica e familiar. Em breve, iremos inaugurar uma nova sede para melhorar ainda mais estes atendimentos”, informou a parlamentar.
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Entre as convidadas, a advogada especialista em crimes de gênero Fayda Belo, que atua na proteção das mulheres e compartilha informações e orientações nas redes sociais, com o objetivo de alcançar um público ainda maior. De acordo com ela, é necessário que os poderes atuem em conjunto para reduzir estes tipos de crimes.
“A Lei da Maria da Penha é referência e deve ser executada da melhor forma possível pelo poder público, e os agressores devem ser punidos. Amor não dói, não machuca e não viola, e se houver agressões ou abusos, é importante que as vítimas denunciem imediatamente”, destacou.
A outra convidada especial do evento foi a atriz, modelo e ativista Luiza Brunet. Em um discurso emocionado, a embaixadora do combate à violência contra mulheres do Instituto Avon lembrou as agressões sofridas por ela.
“É necessário que as mulheres tenham informação sobre o tema. A pauta ganhou uma amplitude enorme e ela deve ser discutida continuamente. É importante que as mulheres tenham esse respaldo dos órgãos públicos e denunciem, caso precisem”, aconselhou.
Lei Maria da Penha
A Lei 11.340 foi sancionada em 7 de agosto de 2006 com o objetivo de coibir a violência doméstica e familiar no País. A legislação foi batizada em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha, que ficou paraplégica após levar um tiro do marido, pai de suas três filhas, em uma segunda tentativa de homicídio contra ela, em 1983.
A história de Maria da Penha ganhou repercussão internacional quando ela acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) em busca de uma solução, após aguardar a Justiça brasileira por 15 anos. O caso mostrou a fragilidade enfrentada pelas brasileiras vítimas de violência que não eram acolhidas pelo Estado.
Texto: Bruna Gomes
Foto: Jader Souza e Tiago Orihuela
SupCom ALE-RR